Hong Kong, o primeiro dia

5.10.14
"O que custa mais é o primeiro dia", pensei eu quando finalmente apaguei a luz do pequeno candeeiro no minusculo quarto de Hong Kong. Tinha sido um dia tão cheio que 24 horas não chegaram para nos trazer de casa até ao lugar onde finalmente acabamos o dia.

Tínhamos saído de casa de madrugada, logo depois do natal, ainda a cozinha cheirava a fritos e a mesa da sala tinha muitos pratinhos com pequenas quantidades de quase todos os doces que se tinham comido, digo quase todos porque os melhores não passaram do dia 25, chovia mas isso que importava para quem estaria preparado para passar os próximos 30 dias de mochila ás costas á merce do tempo.
O carro da nossa boleia parou á porta, muito beijinhos da mãe, muito ladrar da cadela e as nossas 2 mochilas saltaram para dentro da mala do carro mais facilmente do que nós que tivemos de nos aconchegar no lugar traseiro de um carro feito pelas medidas japonesas.
Não me lembro do transito, nem do aeroporto de Lisboa cheio de pessoas que viajavam para Angola, nem me lembro sequer do stress para fazer a ligação em Heathrow para o hangar correcto.

Para dizer a verdade as minhas memorias começam quando o avião aterrou em Hong Kong, será isto memória selectiva? talvez!

O aeroporto é demasiado organizado, na longa fila para apresentar o passaporte vieram ter comigo porque os meus pés deviam estar 10 cm mais á frente, mais junto á linha amarela e assim fazer com que as centenas de pessoas atras de mim pudessem andar também mais esses 10 cm ...

Não é fácil entrar na China, mas penso que deve ser mais difícil sair.

Fui pouco a pouco sendo surpreendida pela novidade.
Primeiro as máscaras, 8 em cada 10 pessoas que via, não ocidentais claro, usavam mascaras na boca a lembrar que ali muitos morreram com a gripe asiática e por isso também o controlo de temperatura corporal, um balcão central discreto por onde todos passamos e sem nos darmos conta regista a nossa temperatura, quando me apercebi daquilo dei graças por não estar constipada :)

Depois a organização, vinha com a ideia pré-concebida de uma China desorganizada e barulhenta, mas nada disso, a cada passo logo nesse primeiro dia vi que Hong Kong ia ser uma boa surpresa, o autocarro no exterior do aeroporto arrancou assim que nos sentamos, na longa Nathan Road apinhada de gente a nossa paragem era realmente onde eu tinha pensado e finalmente o lugar onde íamos dormir passadas quase 40 horas existia realmente!
"sara agora estás cá, aproveita", pensei eu antes de dormir.

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