confissão para os meus amigos

Este blog já tem muito tempo, agora que escrevo isto apercebo-me que já deve ter mesmo muito tempo ou então a minha vida já teve tantas mudanças que desde que aqui escrevi a primeira vez até agora nem pareço a mesma pessoa.

Mudou o trabalho, o emprego, como lhe queiram chamar, mas na sua essência não mudou nada continuo a ser a mulher dos sete ofícios, a motivar-me com cada projecto novo e a depositar nele todas as minhas esperanças e energias, mesmo que depois me decepcione.

Mudaram as inspirações e logo os resultados dos crafts que vou fazendo mas continuo a gostar de fazer “coisas” com tecidos coloridos de preferência,

Mudaram os destinos mas continuo a encantar-me com as minhas viagens, desde o primeiro pensamento e esboço até ao dia do regresso.




No fundo mudou tudo e não mudou nada.
Este espaço de desabafos estava um bocado abandonado, havia muitas razões para não escrever nem aqui nem noutro sítio, era preciso uma mudança, como quem de tanto viver no mesmo espaço precisa de mudar a cor das paredes para voltar a ter gosto pela casa.

Assim foi, mudei-lhe o aspecto (o mérito é da Sílvia, www.mudadepagina.com ) e decidi voltar a escrever aqui.

Tenho vários novos projectos, uns mais importantes que outros e alguns gostaria muito de partilhar convosco, como é o caso da minha próxima viagem á China e ao Vietname, uma aventura que começou a ser pensada há muito, muito tempo.
Quando estive na Tailandia prometi a mim mesma que havia de voltar á Asia, uma estadia por mais tempo e sem tantas amarras de agências de viagem. Como tudo o que é bom na vida, fui adiando esse projecto, primeiro porque não tinha tempo, depois porque não tinha dinheiro, depois porque havia sempre outras coisas mais importantes do que realizar esse sonho.
No meio deste espaço de tempo que foi passando o meu pai ficou doente e por fim acabou tudo.
O bolo de aniversário ficou sem ser comido por falta de tempo para comemorar antes da longa hospitalização, a garrafeira ficou cheia porque a oportunidade nunca era “especial” o suficiente para beber o melhor vinho e eu percebi que não tinha havido tempo para fazer coisas tão simples como uma sardinhada de fim-de-semana para comemorar o seu regresso a casa uma semana antes de morrer.
Há alguns meses decidi que estava na hora, não que tenha mais tempo ou mais dinheiro do que noutras alturas da minha vida, o que eu tenho é a certeza que não posso continuar á espera da altura ideal porque essa nunca vem, temos que a procurar.



Por isso escolhi a rota, marquei os bilhetes e depois do Natal lá vamos nós durante 1 mês inteiro, sul da China e Vietnam, sem rede, com data de início e data de fim mas sem mais nada a não ser os planos para fotografar pessoas, comunidades piscatórias, a produção de sal, as hortas os campos e os mercados.

Um mês de mochila às costas com metade do peso em equipamento fotográfico e outra metade em pouco mais que o essencial, as expectativas são elevadas mas mesmo que venha decepcionada com a viagem (que acho quase impossível) pelo menos sei que este projecto não vai ficar por fazer. E esse ensinamento devo-o ao meu Pai, o seu último.

Beijos.sara.